Foto: Shutterstock
Por Brenda Prestes
Na hora de escolher um modelo de tênis para correr muita gente fica na dúvida sobre qual é o seu tipo de pisada e como isso influencia o movimento e a performance. Conversamos com o médico ortopedista e especialista em traumatologia do esporte Thiago Riguetto, para tirar essas e outras dúvidas. Acompanhe.
Primeiro, entenda quais são os tipos de pisada:
Neutra: o meio do calcanhar toca o chão a cada passada. O tênis se desgasta por igual na parte de trás.
Supinada: o atleta apoia a parte externa do calcanhar e depois toda a lateral de fora do pé, o que leva a uma sobrecarga dos tendões fibulares e laterais. Quem tem pé cavo geralmente desenvolve esse tipo de pisada. O tênis gasta mais do lado de fora do solado.
Pronada: a parte interna do calcanhar e do pé encostam primeiro no chão, sobrecarregando o tibial posterior, primeiro metatarso e hálux (dedão). Quem tem o pé plano (chato) costuma desenvolver esse tipo de pisada. A parte interna da sola do tênis gasta mais.
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Como identificar meu tipo de pisada?
Da esquerda para direita: pronada, neutra e supinada. (Foto: Shutterstock)
O ideal é realizar um estudo biomecânico da corrida, disponível em algumas lojas de esporte e clínicas de medicina e reabilitação esportiva. Nele, o atleta é filmado correndo e é possível analisar a pisada calculando ângulos ideais para um bom movimento.
Outra forma de descobrir o formato do seu pé é molhar a sola e pisar em um pedaço de papelão ou ao lado de uma piscina, por exemplo. Se o pé for cavo, a marca no chão vai mostrar uma curva e um apoio estreito na parte média. No pé plano, o formato do pé aparece praticamente inteiro.
Existe também o padrão da pisada, que diz respeito a qual parte do pé faz o primeiro contato com o solo a cada passada. Se for o calcanhar, pode haver sobrecarga maior na tíbia, aumentando o risco de canelite e fratura por estresse da tíbia. Pisar primeiro com o meio do pé é o padrão que gera menos sobrecarga. Com o terço anterior do pé pode desencadear metatarsalgias e fascite plantar.
“Vale lembrar que nenhuma pisada é melhor que outra para correr. Em todos os casos, é importante manter um trabalho de alongamento e fortalecer a musculatura da panturrilha e dos pés”, esclarece Thiago.
Fortalecimento como prevenção
Segundo o médico, não há como corrigir o formato do arco plantar ou o tipo de pisada, apenas fortalecer as musculaturas envolvidas. “Quem tem pisada mais pronada deve dar ênfase ao fortalecimento do tibial posterior. Na pisada supinada é preciso focar nos fibulares para evitar a sobrecarga desses tendões”, explica o médico.
Ele ainda diz que pular corda, fazer exercícios pliométricos e treinos neuromusculares que envolvam saltos ajudam no fortalecimento e na propriocepção, duas bases importantes da prevenção de lesões.
Independentemente do tipo de pisada, o médico sugere escolher sempre tênis neutro. Alguns estudos já tentaram comprovar a superioridade dos calçados com correção de pisada, mas sem sucesso.
Fonte: médico ortopedista Dr. Thiago Riguetto, com especialização em traumatologia do esporte e cirurgia do joelho.