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Quem corre sabe que, por mais que você adore seus tênis, chega uma hora em que é preciso substituí-los. Mas como saber que esse momento chegou? Como avaliar a vida útil do seu parceiro para correr?
De acordo com Fernando Zikan, professor do Departamento de Fisioterapia da Faculdade de Medicina da UFRJ, o mais comum é trocar calçados gastos por novos depois de 400 a 700 quilômetros rodados. Mas não há informações conclusivas a respeito. Isso porque peso, força e altura do corredor, além da biomecânica do movimento, variam de uma pessoa para outra, o que também influencia o tempo de duração do tênis. Ainda assim, alguns sinais não devem ser ignorados e podem ajudar na decisão de investir em um novo par de tênis:
Solado sem relevo: se as ranhuras da sola estão desaparecendo ou não existem mais, é sinal de que o poder de tração do calçado já não é o mesmo. Isso pode a prejudicar a performance, principalmente, em superfície molhada ou acidentada.
Entressola gasta: a integridade do material entre a sola e o cabedal (parte de cima do tênis) é fundamental para garantir amortecimento, estabilidade da pisada e conforto. Se essa parte está rachada, quebradiça, dura ou muito estreita, as funções dela estarão comprometidas.
Maleabilidade na torção: se a resistência ao torcer com as mãos estiver muito maleável, a estabilidade do dispositivo está comprometida, e quanto maior a mobilidade, maior a propensão à lesões;
Calcanhar muito desgastado: um desgaste assimétrico nas laterais da parte de trás do tênis indica que a pisada pode estar comprometida, o que aumenta o perigo de lesão.
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Para além da investigação visual do tênis, os corredores devem ficar atentos a indícios no corpo que podem sinalizar perda de características importantes do calçado. Por exemplo:
- Desconforto durante a corrida;
- Sensação de instabilidade ou falseio ao correr;
- Dores no tornozelo ou joelho ao longo ou depois do treino;
- Bolhas nos pés;
- Aparecimento de vermelhidão em regiões do pé após o exercício;
- Dores nas laterais do pé.
O ortopedista Leandro Gregorut, especialista em joelho, recomenda revezar entre dois ou mais pares de tênis, dando um descanso de pelos menos 24 horas antes de repetir o uso de cada um. Isso permite que as estruturas de amortecimento retornem ao nível original.
Também é importante escolher um calçado adequado para o tipo de corrida que você pratica – longa, rápida, em asfalto ou trilha, por exemplo.
Se você é um corredor pesado e usa um tênis leve, minimalista, precisa saber que o modelo vai durar menos, além de expor o corpo a lesões. Caso opte por um modelo bem estruturado – com mais amortecimento – vai conseguir usá-lo por mais tempo e com maior segurança.
Dicas gerais
- Escolha um tênis com mais amortecimento para treinar e um mais leve e minimalista para competições (desde que esteja adaptada a ele!). Isso favorece a velocidade sem aumentar o risco de lesão;
- Tênis com contraforte – parte onde o calcanhar encaixa – rígido garantem mais estabilização na passada;
- Caso esteja acima do peso, prefira um modelo com bom amortecimento. Se emagrecer muito, pode trocar por um mais leve e rápido;
- Tenha pelo menos dois pares de tênis para revezar nos treinos;
- Cheque a amarração dos cadarços e aprenda jeitos diferentes de dar o nó. O ajuste errado (frouxo ou apertado demais) pode ser responsável por instabilidade na passada e dores no dorso do pé.
*Fontes: Fernando Zikan, fisioterapeuta, professor do Departamento de Fisioterapia da Faculdade de Medicina da UFRJ e coordenador de ensino da Associação Brasileira de Fisioterapia em Traumato-ortopedia – ABRAFITO; Leandro Gregorut, ortopedista, especialista em joelho, ombro e cotovelo; e Bruno Kobata, gerente de running para a Adidas no Brasil.