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Padrão na corrida: existe um corpo perfeito para praticar esporte?

É preciso repensar a ideia que pouco peso representa saúde e resistência física, afinal a questão vai muito além disso

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Por Christina Volpe*

Existe um padrão de corpo para ser corredor? Para alguns sim. É preciso ser magro, ter pernas firmes e braços finos. É comum ver o preconceito na fala de atletas amadores que buscam essencialmente a performance no esporte, mas a corrida vai muito além do corpo e estar fora do que é considerado padrão não é desculpa para começar a praticá-la.

Kátia Cristina, 53, é mestra em história social e, hoje, pelo fato de ser apaixonada por corrida, está estudando nutrição. Ela conta que nunca sofreu diretamente o preconceito, mas os comentários sobre a relação peso e rendimento são constantes. “Fico irritada quando escuto que corredores gordinhos deveriam melhorar sua performance para só depois irem para provas mais longas. Posso adotar uma estratégia de treinamento para a prova dentro do limite máximo imposto pela organização, ir lá correr e depois pegar minha medalha igual a quem acabou antes. Fico pensando porque incomodamos tanto”, desabafa.

Com acompanhamento e orientação de um profissional, a prática da corrida tem tudo para dar certo. O treinador da Bio Ritmo, Jonas Rusinas, explica que todos podem praticar o esporte, mas não é simplesmente sair correndo, é necessário ter alguns cuidados. “Comece com uma caminhada que te deixa ofegante. Se possível, intercale a corrida com aparelhos que estimulam o sistema cardiovascular, como transport e simuladores de corrida, que ajudam na mecânica da passada e evitam o impacto nas articulações.”

Onde estão as pessoas fora do padrão na corrida?

A funcionária pública Grasielle Brasil, 29, conta que já sofreu olhares discriminatórios. “Na academia é mais nítida a ‘estranheza’, mas na corrida também acontece. Uma vez, participei de uma prova do corpo de bombeiros e quando cheguei me assustei. Eu era a pessoa gorda que estava lá.”

“Minha caminhada no esporte foi muito solitária. Ia sozinha aos treinos e eventos e tive dificuldades para fazer amizades. Cheguei a chorar no meio das provas, as lágrimas se misturavam com o suor, já que aquilo não significava apenas correr, mas sim vencer minha mente, o meu corpo, vencer os olhares e o desafio da distância que eu escolhia”, lembra Grasielle.

Seu corpo é seu tempo. A relação da alimentação com a saúde

As especialistas do Centro de Nutrição & Saúde de Santos – SP, alertam que não existem alimentos vilões e muito menos opções milagrosas para quem busca se manter saudável praticando esportes. “A alimentação de um praticante de exercícios físicos está equilibrada quando fornece as calorias e nutrientes adequados para aquele indivíduo, quando ela é baseada em alimentos in natura, com preparações que forneçam o prazer de comer e com refeições que encaixem na rotina, orçamento e cultura da pessoa.”

Os primeiros passos são básicos: trocar alimentos industrializados por in natura, cozinhar mais em casa e comer menos na rua, construir uma rotina alimentar e gastar um tempo da sua semana na organização.

Se joga na corrida!

A corredora Kátia Cristina dá a dica: “não podemos aceitar padrões que impeçam que sejamos saudáveis com o corpo que temos. Não se esconda porque alguém decidiu que o nosso corpo não é ideal para correr. O corpo ideal é o que temos agora. Levanta, calça o tênis e vá. Ocupe os parques, academias, ruas. Se joga!”