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Por que você quase não se lembra das dores da maratona?

A emoção da superação pode pesar bem mais do que o esforço físico

Juliana MesquitaPor
Juliana Mesquita

Encarar uma maratona é o sonho da maioria dos corredores. Desafiar-se nos 42K pode envolver o planejamento de um ano todo e, muitas vezes, engloba também diversos sacrifícios. Apesar de todos os obstáculos, a sensação de cruzar a linha de chegada raramente é ofuscada pelas más experiências durante a corrida. Apesar de todos os perrengues, por que não conseguimos ficar fora das pistas?

Isso pode ter a ver com a forma em que o cérebro lembra da dor associada aos eventos de resistência. Um estudo feito com 62 maratonistas e publicado na revista Memory, descobriuque os corredores dos 42 km subestimam a sua dor após a corrida.

“Embora a maratona tenha sido considerada dolorosa, é uma experiência emocionalmente positiva, especialmente para os participantes que completaram a corrida”, afirmou Przemysław Bąbel, Ph.D., autor do estudo.

É importante ressaltar que o autor da pesquisa só estudou pessoas que completaram a maratona – que experimentaram sensações diferentes daquelas que não ultrapassaram a linha de chegada.

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De acordo com Przemysław, os corredores tendem a sentir mais dor que a média humana. Por causa disso, os atletas aprendem não apenas a associar alguns tipos de dor normais ao treinamento, mas também a distinguir entre a dor que reflete o trabalho e a dor que poderia sinalizar uma lesão. Essa atitude ajuda o atleta a superar a dor normal e o desconforto das longas corridas e passar a dar mais importância para questões mais preocupantes, como uma tensão muscular.

A pesquisa ainda revelou que subestimar a dor de uma corrida está relacionado ao modo em que a memória funciona. Nós tendemos a recordar os destaques dos eventos, como a largada, a chegada e localização de amigos no meio da multidão. Além disso, lembramos mais da emoção agradável: do senso de realização, da satisfação pessoal e do orgulho de completar a prova.

“Se uma atividade dolorosa produz resultados de valor, as emoções positivas  ajudam a garantir que a dor não nos impeça de fazer a atividade novamente”, garante o autor. Em outras palavras, significa que mesmo que o atleta tenha passado por vários obstáculos durante a maratona, o que se sobressai é a vitória, a sensação de superação e não a dor que possa surgir durante os 42 km.

O fato é que você também pode aprender com a dor de forma positiva. Em um próximo desafio, trace novas estratégias de ritmo e pratique bastante as suas técnicas de força mental – isso pode tornar o seu desconforto ainda mais imperceptível.