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Dia dos Pais: amor, superação e muitos quilômetros rodados

Conheça a história do Marco Antônio e seu filho, carinhosamente conhecidos entre os corredores como Os Marcolinos

Tamiris MonteiroPor
Tamiris Monteiro

Dia dos Pais história de pai e filho

Para comemorar o Dia dos Pais homenageando a turma da corrida, escolhermos contar uma história de muita superação entre pai e filho. Afinal, quem já viu o Marco Antônio Valente passar com o Marquinhos (seu filho) pelas chegadas de algumas provas, sabe que é quase impossível não se emocionar com a dupla.

“Tenho 36 anos, em 18/09/2013 minha pressão foi a 22/12 e tive um AVC. Ao chegar no Pronto Socorro, o médico disse que se eu não mudasse de vida não chegaria vivo até o final daquele ano. Tinha quase 140 kg, bebia e fumava. Depois do diagnóstico resolvi mudar, não só por mim, mas pelos meus filhos. Nessa época já tinha três filhos e um deles com necessidades especiais, que é o Marquinhos. Depois de muita luta consegui eliminar 45 kg em um ano e queria ainda mais”, conta.

Depois de iniciar um processo de mudança de hábitos e emagrecimento, quando tudo parecia estar caminhando bem, Marcos teve que encarar outra adversidade, dessa vez relacionada ao filho. “Marquinhos nasceu de sete meses e com falta de oxigenação. Prematuro, ficou 15 dias na UTI, contraiu infecção hospitalar junto com 13 bebês nascidos no mesmo período, cinco sobreviveram, ele foi um deles. Para mim é um iluminado. No entanto, criar uma criança com paralisia cerebral não é uma tarefa fácil, pois envolve muitos cuidados. Na fase escolar ele sofreu bullying e ficou com depressão. Tentamos todos os tratamentos possíveis para que ele se recuperasse, mas não traziam resultados. Com toda essa situação acabei fazendo escolhas erradas, que me levaram ao estado físico do início da história: novamente bati os 140 kg e tive vários problemas de saúde, como arritmias, pressão alta e depressão”, relembra.

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Todo esse processo fez com que Marco não tivesse disposição para cuidar da família.   “Tentei sair daquela vida que só me afundava, porém sempre sem sucesso, mas em 2013, vendo algumas postagens de um amigo da época do colégio relatando que havia eliminado 40 kg em um ano por conta da corrida, resolvi que iria virar o jogo. Comecei a correr e não parei mais. Foram 17 kg em três meses. Minha primeira corrida de rua foi em 2014. Depois entendi que era isso que eu queria para minha vida. Iniciei na academia, por convite de um amigo e assim cheguei aos 90 kg. Um dia, numa corrida de rua, passei por um pai empurrando o filho cadeirante. Foi uma inspiração. Cheguei em casa e logo fiz o convite para meu filho. Ele aceitou na hora. Fizemos a nossa primeira corrida em março de 2015. Nesse mesmo período conheci o projeto Pernas de Aluguel, achei a ação do grupo sensacional e me identifiquei. Entrei em contato com o idealizador do projeto, Eduardo Godoy, uma pessoa extraordinária. O Pernas nos acolheu como uma família e daí por diante a minha vida e a vida de toda a minha família mudou por completo.

Fizemos a primeira corrida com a turma do Pernas de Aluguel e a alegria do meu filho em estar com outros cadeirantes foi indescritível. Não paramos mais. Começamos a correr todos os fins de semana, em várias cidades do Brasil: Florianópolis, Rio de Janeiro, Campinas, Igaratá, Ubatuba, foram alguns de nossos destinos. Percorremos várias distâncias em provas, 5, 7, 10, 15, 18, 21, 23, 42 e fizemos duas ultramaratonas de 75 km, em 2017.

Marcos começou a se superar a cada corrida. Já terminava as corridas andando, nos últimos metros, dando aquele show de força de vontade em cada chegada e despertando em outras pessoas o olhar para a inclusão e para a superação. A corrida trouxe para nós inúmeros benefícios. Ele parou de tomar remédios controlados, o rendimento na escola melhorou e ele se mostra muito mais feliz”.