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7 motivos por que a corrida vale por uma terapia

Descubra como o esporte ajuda a enfrentar obstáculos do dia a dia e construir uma mente vencedora

RedaçãoPor
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Por Diana Cortez

Muita gente começa a correr pensando nas mudanças físicas e nos benefícios do esporte para a saúde, mas não demora muito para se dar conta de que a atividade também faz muito bem para a cabeça. “Correr é um exercício constante de autoconhecimento, que prepara você para lidar com os desafios da vida”, fala Nelson Evêncio, professor de educação física, treinador de corrida credenciado pela Federação Internacional de Atletismo e proprietário da assessoria esportiva que leva o nome dele, em São Paulo (SP).

Para o psicólogo clínico e do esporte Rodrigo Scialfa Falcão, de São Paulo (SP), o padrão de comportamento começa a mudar no momento em que você decide começar a treinar. Afinal, vai precisar se organizar para colocar a atividade na rotina e construir disciplina para seguir em frente.

No entanto, mudanças fisiológicas que acontecem com o tempo de prática também contribuem para que isso aconteça. “Uma série de ajustes necessários para o corpo se adaptar à atividade, como a produção de hormônios e neurotransmissores, influenciam não só o aumento do fluxo de sangue nos músculos e na captação de oxigênio, mas também agem no cérebro e interferem no comportamento”, explica Paulo Zogaib, médico especialista em medicina esportiva e fisiologia do exercício e chefe do ambulatório de avaliação da Medicina Esportiva da Unifesp.

Gostou? Conheça mais motivos por que correr faz tão bem para a mente quanto para o corpo.

 1. Ajuda a domar a ansiedade e o stress

Correr libera endorfinas, substâncias que atuam no cérebro aumentando a sensação de bem-estar e disposição e diminuindo a ansiedade e o baixo-astral. Também produz serotonina, que faz você se sentir feliz e relaxado. “O mesmo neurotransmissor é liberado quando a pessoa come chocolate. Isso leva ao fato de que a corrida pode ser uma alternativa para mudar o padrão comportamental de indivíduos com perfil ansioso, que costumam compensar as emoções comendo”, fala Paulo Zogaib.

Um estudo publicado no periódico International Journal of Sport and Exercise Psychology observou melhoras no humor de esportistas durante e depois de uma sessão de exercícios. “As corridas longas, principalmente, são um exercício de paciência, persistência e automotivação, pois exigem manter o ritmo ao mesmo tempo em que é preciso lidar com o cansaço”, afirma Nelson Evêncio. Há, ainda, quem use a corrida como uma espécie de meditação ativa, mantendo a mente consciente e focada, porém relaxada.

2. Desenvolve autoconhecimento

Quando começa a viver as experiências que vêm junto com a rotina da corrida, é comum o atleta perceber e querer explorar qualidades em si mesmo que não conhecia até então. Isso leva a uma clareza maior sobre suas capacidades, limites, pontos fortes e fracos.

Foi assim com o advogado Laudelino Alves de Carvalho Junior, 39 anos, de Santo André (SP). Há quatro anos, após três tentativas frustradas de passar no exame da OAB, o desânimo bateu. “Comecei a questionar se tinha escolhido a profissão certa. Isso afetou a minha autoestima e comecei a comer e a beber demais, até criar uma dependência do álcool. Nesse ritmo, cheguei bem perto dos 100 quilos e achava que nunca conseguiria emagrecer. Depois de um episódio de arritmia cardíaca que me fez ir parar no hospital, resolvi começar a caminhar. Semanas depois, já estava correndo e mudando totalmente meu estilo de vida”, lembra.

3. Ensina a ter metas e cumpri-las

O início não costuma ser fácil. Mas a corrida mostra que é possível conquistar fôlego, correr grandes distâncias e transformar o corpo – desde que se faça um planejamento para tudo isso e siga o caminho proposto, sem pular etapas.

“Com a corrida, aprendi que é preciso ter metas e disciplina para alcançá-las. Então levei essas lições das pistas para os estudos em mais uma tentativa de tirar a carteira da Ordem e consegui. Também emagreci, algo que parecia impossível antes da corrida”, conta Laudelino.

4. Dá um up na autoestima

Vencer seus limites, completar muitos quilômetros, superar obstáculos como dor e exaustão, sem falar em treinos na chuva, no frio ou depois de uma noite maldormida. São muitos os desafios a enfrentar no momento em que você decide levar a corrida a sério. Ultrapassá-los deixa qualquer um mais confiante, motivado e sentindo-se capaz de encarar o que vier pela frente – na rua, na esteira e na vida.

A mudança estética que o esporte proporciona – emagrecimento, corpo definido, pernas torneadas – também acaba tendo impacto na autoimagem e, claro, na autoestima. “Muitos alunos logo começam a se sentir melhor com o corpo e até mudam o estilo de se vestir, assumindo roupas que mostram mais e deixando de lado aquelas que usavam para esconder o excesso de gordura”, fala Nelson Evêncio.

5. Movimenta a vida social

Conhecer gente nova e socializar é outro grande atrativo da corrida, principalmente para quem começa a praticar com uma assessoria esportiva ou grupo de corrida. Com a convivência e os interesses em comum, a amizade rende treinos e viagens em grupo para correr e acaba ampliando até o network de trabalho.

Foi com a influência dos novos amigos do esporte que o advogado Laudelino conseguiu parar o consumo exagerado de álcool: “Parei de frequentar os lugares aonde ia com a turma com quem saía para beber e passei a priorizar as corridas no parque ao lado de companhias mais saudáveis, que, inclusive, me encorajaram a participar de provas”, comenta.

6. Organiza a cabeça e aponta soluções

 A maioria das pessoas tem um dia a dia tão corrido que acaba vivendo em um turbilhão de ações automáticas e pensamentos incessantes, sem parar para se conectar com aquilo que faz bem para a saúde do corpo e da mente. Resultado: ansiedade, relacionamentos prejudicados, esgotamento físico e mental, depressão.

Para muita gente que corre, a hora do treino acaba sendo o momento de conexão consigo, um momento para organizar as ideias e encontrar respostas para questões da rotina. “O exercício oxigena o cérebro e contribui para raciocinar melhor”, fala Nelson Evêncio.

O esporte também influencia a ter mais disciplina – e não apenas nos treinos, mas na alimentação, nos horários de sono e nos treinos.

No auge do estresse e da frustração no início da carreira, a ginecologista Cidinha Ikegiri, 33 anos, de São Paulo (SP), encontrou na corrida uma forma de liberar a tensão. “Fazia plantões intermináveis e, para piorar, estava em uma relação desgastada e descobri que meu pai estava com câncer. Comecei a correr para esquecer um pouco da vida. Mas logo percebi que os treinos faziam com que me conectasse mais com a realidade, despertando uma vontade de mudar”, lembra.

“Comecei a priorizar coisas básicas que tinha deixa de lado, como dormir bem, e ganhei forças para fazer diversas mudanças: terminei meu relacionamento e diminuí o ritmo de trabalho. Minha autoestima melhorou e fui ganhando coragem para dar novos passos. Comecei uma pós-graduação em medicina do esporte e resolvi abrir meu próprio consultório. A maioria das minhas pacientes hoje se inspira no meu lifestyle e me procura porque também quer uma vida mais saudável”, conta a médica.

7. Fortalece contra medos

Completar o primeiro quilômetro, avançar em distâncias maiores, cruzar a linha de chegada. À medida que o corredor vai vencendo etapas e acumulando conquistas na modalidade, percebe que é muito mais forte do que supunha e acaba levando essa consciência para outras áreas da vida. “Além de superar medos e receios, o esporte contribui para eliminar vergonhas e preconceitos que, muitas vezes, impedem de realizar coisas que se deseja”, finaliza o psicólogo do esporte Rodrigo Scialfa Falcão.