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Mãe também corre

A jornalista Nanna Pretto é uma mãe que corre e revela em seu blog: apesar de não ter o mesmo pace de antes da gravidez, os treinos a fazem muito feliz

Nanna PrettoPor
Nanna Pretto

mãe também corre

Quando comecei a correr, eu não tinha filhos. Aliás, nem namorado eu tinha. Daí vieram as primeiras provas, o fim da faculdade, os namoros e, enfim, os filhos. E, parando aqui para pensar, já são 16 anos de pista. Medalhas, vitórias, derrotas e uma certeza: a maternidade não atrapalha a corrida.

Já não tenho o mesmo pace de antes da gravidez, confesso. E nem sei se quero correr tantos quilômetros para tantos minutos, com um rendimento fantástico. Já não me identifico com as assessorias esportivas, com a turminha das saradas, triatletas ou “sangue nos zóio”. Gosto de correr por correr. Aquela corrida que você acorda no sábado, sai às 9h da manhã e vai sem rumo. Não quero mais chegar no ponto de encontro às 7h para o aquecimento.

Pode ser que tudo isso mude. Que os filhos cresçam, que eu me dedique mais ou que mude a minha forma de pensar. Mas, é como eu falo para uma amiga: “a gente é pace 8 e se diverte com isso”.

A corrida me relaxa, me liberta e me faz feliz. Se for para criar insegurança, medo e ansiedade eu fico só na maternidade, né? Atualmente, o meu desejo é o recorde pessoal em oito horas de sono. Ininterruptos. E se você me perguntar se eu trocaria algo na minha vida, eu te diria que não. Nem uma vírgula, nem um quilômetro. Da mesma forma que a corrida mudou a minha vida em 2001, ao me ajudar a parar de fumar e de “ser vida loka” aos 21 anos, ela me transformou após a maternidade. Foi correndo que eu saí da segunda depressão pós-parto, foi correndo que eu consegui um tempinho para mim e é correndo que eu me acalmo e não mando todo mundo catar coquinho!

Mãe corre, mãe se dedica e mãe tem objetivos na vida (e na corrida). Existe a vida da mãe além da maternidade, acreditem! E existe o esporte, que pode até não ser mais a prioridade, mas existe e nos faz bem!

Eu não sei mensurar o grau de felicidade. Mas a mãe que corre é feliz. Disso eu tenho certeza!